terça-feira, 21 de junho de 2011

Pilantragem Editorial: O Desencanto dos Novos Autores.




Escrever um livro vai muito além de contar uma história. Escrever envolve processos íntimos e profundos, perseverança, paciência. Para cada livro escrito há vários milhares que não passam da primeira página ou que ficam pela metade. Nem todo mundo que pensa em escrever ou começa a fazê-lo consegue terminar o que iniciou, não porque lhes falte inspiração, mas porque lhes faltam a constância e a determinação necessárias para que o projeto chegue ao final. Este texto não é para estas pessoas, embora elas possam achá-lo interessante. Este texto é para aqueles que, após iniciarem seu livro, conseguem terminá-lo e se vêem com uma obra em mãos, sem saber direito como torná-la algo físico, com capa, contracapa e orelhas. Algo que outras pessoas comprarão, levarão para casa e passarão horas lendo. Como sair do texto pronto, porém ainda não nascido, para algo concreto chamado livro? Como fazer a obra chegar às mãos dos leitores? Como conseguir uma editora que transforme o sonho em realidade?



O Boom do novo milênio, para aqueles que estão envolvidos de toda e qualquer forma com o mercado editorial, trouxe um centenar de novos escritores e, como conseqüência, o surgimento de novas editoras para atender a este público que a cada dia se multiplica. Dispondo de um leque de promessas mirabolantes distribuídas por sites que estampam ares profissionais, este caleidoscópio editorial surge para muitos autores novos como a varinha de condão que transformará suas vidas, que fará deles escritores populares e de seus livros, sucessos de venda. É aí que mora o perigo.
Sem experiência e na pressa de ver seus livros publicados, muitos autores desistem de entrar na longa fila de espera das editoras que PAGAM por seus profissionais e migram para a curta fila daquelas que COBRAM para publicar.
A associação que fazemos ao ouvir as promessas e ler os contratos das editoras que publicam sob demanda, é a mesma de funerárias, ou seja: os familiares que enterram seus entes estão dispostos a pagar valores exorbitantes pelo enterro dos seus, assim como os novos escritores a pagar pelo nascimento de suas obras. As funerárias tanto conhecem a vulnerabilidade de seus clientes quanto às novas editoras a dos seus autores, e aqui, enquanto o lado capitalista está disposto a explorar a situação até o ultimo centavo, o outro está disposto a pagar até o ultimo centavo para que o serviço proposto seja feito. Sim, paga-se caríssimo pra nascer, pra casar, pra morrer, e claro, para publicar o próprio livro!
Sem querer apedrejar as novas editoras ou formular uma cartilha para autores iniciantes, deixamos o alerta:
Tem editora oferecendo mundos e ENTREGANDO APENAS OS FUNDOS.
No contrato dessas empresas “realizadoras de sonhos”, o escritor encontra um arsenal completo para transformar o abstrato em concreto: divulgação, vendas, pagamento de direitos autorais acima do mercado, assessoria pós-publicação. Mas o resultado final é um livro mal impresso, de qualidade questionável, erros grotescos, preço final de venda altíssimo, inacessibilidade ao leitor e nenhuma assistência.
Foram incontáveis os livros que recebemos, publicados recentemente por essa nova geração de parceiros (escritores e editoras), onde encontramos erros não apenas de digitação, mas de andamento de texto, pobreza de argumentos, falta de aprofundamento de trama, evidenciando que ali faltaram revisão e a mão do editor. Para que fique claro, é função do editor trabalhar o texto junto ao autor de forma que o livro ganhe melhores contornos e fique mais rico. Também é função do editor recusar um texto por achá-lo ainda imaturo ou superficial, assim como é função também, auxiliar o autor a melhorá-lo. Isso faz um bom editor que PAGA pelo texto, uma vez que seu lucro virá da venda do livro, coisa que nas publicações por demanda fica relegada, na maioria das vezes, a plano nenhum, porque este já RECEBEU o seu quinhão.
Quanto à questão da preparação de texto e correção, é certo que um escritor não é necessariamente um mestre em Português, idioma complicadíssimo e cheio de detalhes, mas um “fabricador” de estórias. É função da editora oferecer uma correção de qualidade superior, um revisor em carne e osso por detrás desses ineficazes “corretores” ortográfico-gramatical de computadores.
A triste verdade por trás das promessas encantadas, é que muitas editoras sequer conhecem as obras que publicam! Isso sem falar ainda, daquelas que prometem distribuição, internacionalidade e agenciamento literário, vendendo o slogan de que foram criadas para “tornar possível o sonho do autor”. MENTIRA! Elas foram criadas para gerar lucro, e aqui, nada contra o ganho destas, afinal, uma editora não é uma entidade filantrópica, mas uma empresa como outra qualquer. Porém, cuidado com a pilantragem desses falsos Messias que não cumprem suas promessas e deixam o dever de casa pela metade.
O mundo editorial, hoje, precisa de MAIS editores comprometidos e MENOS picaretas! Não adianta ter uma produção literária enorme sem qualquer qualidade, sem substância, sem critério. Isso não vai alavancar ou estimular a literatura nacional, só vai servir para engordar as contas bancárias dos autores internacionais, estes sim, vindos de editoras que realmente investem em suas obras, e continuar dando a eles os primeiros lugares nas vendas, nas listas, nos holofotes.
É claro que não há editoras com a faca no pescoço de ninguém, obrigando fulano ou beltrano a publicar aqui ou acolá. São os clientes quem a escolhem! Mas fica a dica:
Ao contratar uma editora, não se apresse! Pesquise nome, as referencias, outras publicações, fale com escritores promulgados pela mesma, indague, exija e usufrua de cada cláusula, uma vez que você é o cliente e tem
o direito! E tenha em mente que ninguém fará sucesso do dia para noite, há um caminho a ser trilhado e, a menos que você seja muito influente ou tenha excelentes conexões, você vai ter que passar por ele! Não se deixe levar por pessoas que incham seu ego, não seja presa de sua própria vaidade! Não permita que esta pilantragem de muitos milhares de reais, engula você também.
E lembre-se: Você acha que não vive sem eles, mas na verdade são eles que não sobrevivem sem você!

Desejamos sorte e sucesso pra todos que estão começando agora!
Beijos,
Laura Elias & Geyme Lechner

*Desisti de arrumar o blog, lamento pelo visual atrapalhado, mas nada está funcionando por aqui, sorry...

18 comentários:

boutique de ideias disse...

Carambolas me mordam, Laurix, que foi isso que aconteceu no texto?? hahaha Vc colocou tinta de fundo?? Se quiser arrumar (e ainda tiver cabelos), deleta esse, salve-o no word antes e do word passe-o pra cá.... Mas se estiveres de saco cheio te entendo perfeitamente, esse blogger é de deixar qquer um com os cabelos brancos (ou sem cabelos), hahaha

Laura Elias disse...

Ah, Geyme, relaxei, deixa o blog fazer o que quiser e pronto..rs.
Eu copiei o texto do word e colei aqui, aí não consegui mudar nada e ficou assim.
Beijo!

Janda Montenegro disse...

Assino embaixo!

Apaixonada por Romances disse...

Eu estou impressionada com o texto, não imaginava que era tão complicado a negociação dos autores e editoras.

Beijos
Blog Apaixoanda por romances
Se tiver tempo, faça uma visita registrando sua presença ;-)

Raffafust disse...

maravilhoso seu alerta! desde que o mundo é mundo que pessoas de má índole enganam pessoas de boa fé que somente almejam realizar sonhos!
parabéns mesmo, não sou escritora como você ( apenas uma jornalista amante de livros!) mas imagino o como por despero de querer algo trocamos os pés pelas mãos.
Bjos e sucesso sempre!

Raffa Fustagno
http://livrosminhaterapia.blogspot.com/

Gisele Galindo ou simplesmente Gi. disse...

Oi Laura!

Ótimo texto e bem elucidativo. E digo mais. Não são apenas "semieditoras" que tentam arrancar $ dos autores, se aproveitando da ingenuidade e de seus sonhos. Mas, existe um golpe novo na praça, que são pessoas que montam editoras, chamo-as de editoras fantasmas, e por mais que não peçam $, roubam e estupram o sonho dos novos autores. Por isso, agora digo a tds q sem CNPJ e selo editorial... corra!

Rs, desabafei um pouco... hahahaha

Amei o post!

;)

bjs***

Gisele Galindo ou simplesmente Gi. disse...

Ai, o TT me bloqueou... volta e meia faz isso. Falarei aq.

Não roubam. Tem formas e formas. A que fui vítima e tantos outros autores, graças a Deus não arcou em prejuízo para essa parte, mas alguns outros profissionais, tb vítimas, perderam $, diziam que seu trabalho tinha sido aprovado, marcavam data de lançamento, assim, tudo. Mas, os ingênuos e novatos do ramo, acreditavam e tal. Foi qd alguns começaram a desconfiar de tanta enrolação e investigaram. A dita editora não tinha CNPJ, nem nada. Aos poucos tds se desligaram dela. Mas, ela tava até vendendo livro, recebendo via depósito numa conta pessoal, disso desconfiei, mas sabe cm é, sonho é sonho e queremos alcançá-lo, aí acabamos até ficando cegos.
Enfim, foi e ainda é uma dor de cabeça para muitos. Para outros restou a continuação da busca e certo trauma. Mas, o que td isso ensinou foi que antes de td, exija o CNPJ e o selo editorial. Pq por mais q prometam, não podem realizar parcerias com qq livraria sem isso.
Ah, foi mais ou menos isso.
Então, autores novatos, fiquem espertos! Outra, por mais que demore é melhor que seu querido livro seja publicado de verdade e da forma correta ;)

Fernanda Araújo disse...

caramba gente...
não sabia disso, que horror!

Fernanda Araújo disse...

Laura se quiser, amanhã eu vejo o que ocorre com o blogger ^^
bjs

Laura Elias disse...

Gi, eu fiquei de queixo caído com isso que vc contou!
A idéia do texto veio de tanta reclamação que tanto eu quanto Geyme ouvimos de escritores que pagaram pela publicação de seus livros e foram enganados por promessas mirabolantes. Desembolsaram uma grana para não ter resultado nenhum. Isso sem falar na exorbitância que alguns selos cobram pela publicação, cujo custo de 500 exemplares beira o valor de um carro popular novo.
Agora, editora fantasma eu nunca tinha ouvido falar, nem sabia que existia! A cada dia aprendo uma coisa nova neste mundo, caramba!
Eu nunca publiquei assim, eu recebo pelo meu trabalho, daí não sabia como isso funcionava, fui aprendendo com outros escritores.
Gente, é muita cara de pau, não? Isso que vc contou é caso de polícia, é estelionato e roubo de propriedade intelectual.

Mas, por outro lado, é também experiência.
Como dizia meu sábio e falecido pai: Nem tudo que reluz é ouro e nem tudo que tem chifre é touro.
Olho vivo com este povo!

Beijo, querida, obrigada por partilhar sua experiência com a gente.

Laura Elias disse...

Oi, Fernanda!

Obrigada pela oferta, vou mandar um mail pra vc pq daí a gente conversa mehor, ok?

Bjo!

Laura Elias disse...

Apaixonada, este tipo de "dificuldade" vem de algumas editoras por demanda e de alguns autores que são vítimas do entusiasmo e do sonho do sucesso instantâneo. Boas editoras, com ética e profissionalismo, que respeitam seus autores não agem assim.
Por isso decidimos fazer o texto, para ficar como um alerta pro povo que está começando agora.

Bjo!

Flavita disse...

Oi Laurinha,
AChei muito legal a iniciativa de postar esse assunto aqui, e não importa o fato de ter "copiado" pra cá, na real, na net, tudo se copia, nào é mesmo?

Mas acho que estando aqui, várias pessoas do meio literário terá mais acesso a essas informações super importantes...

Tenho até um caso de amigas aqui no Rio que publicaram um romance maravilhoso e que passeando na net, na página da editora que haviam publicado o livro, encontraram a capa do livro delas com nome de outras autoras... Enfim, acontece de tudo mesmo!
Eu mesma andei escrevende por um tempo, mas vendo que para publicar teria que ter cuidado com uma espécie de "máfia" literária, e reconhecendo que minhas economias não me permitiriam, confesso que desisti.

Gostei muito da iniciativa
Bjs no Core!
Flavinha

Laura Elias disse...

Oi, Flavita, tudo bem?

Fiquei de boca aberta com a história da capa. Como pode? A editora usou a mesma capa ou trocou o nome das autoras?
Eu sei que a publicação por demanda é cara, mas publicar um livro não é barato. Há uma cadeira de profissionais envolvidos nisso e os custos são salgados, porém não são a exorbitância que andam cobrando algumas editoras. O mais grave, penso eu, é a falta d eorientação ao autor, a falta de um bom editor para tornar o livro mais atraente e agradável à leitura. E isso é possível de ser feito, mas dá um trabalhão, principalemnte porque há aspectos pesicológicos envolvidos e lidar com autores nem sempre é fácil. Fácil é receber e publicar qq coisa e vamos que vamos...

Não entendi o "copiar" que vc citou, explica, please?

Beijão, thanks pela visita e por seu depoimento.

Flavinha disse...

Laura Elias disse...

Ah, Geyme, relaxei, deixa o blog fazer o que quiser e pronto..rs.
Eu copiei o texto do word e colei aqui, aí não consegui mudar nada e ficou assim.

Entendi errado ao ler... Como se tivesse copiado da net... :(
Como se fosse um artigo transcrito, entendeu??
Sorry!

Mas o que eu falei, ou quiz dizer é que na net, tudo se copia, eu sei que isso é chatão, mas fazer o que, acontece!!!

Laura Elias disse...

Oi, Flavita, agora entendi.
O texto é de nossa autoria e foi escrito a quatro mãos, por e-mail..rs.

Vc tem razão quanto à falta de citação de fontes na internet,acontece sim.
Aqui só vai sem fonte se eu não conseguir encontrar o autor e ainda assim, coloco no post, mas nem todo mundo faz isso.

Beijoca!

Jocelino Freitas disse...

Oi Laura!

Excelente o texto. De fato, hoje em dia proliferam as editoras por demanda, que publicam qualquer coisa que lhes enviam, mediante módico pagamento.

A evolução tecnológica permitiu que milhares de autores pudessem ver materializado seu sonho de publicar. Mas isso retira o olho crítico do editor, daquela figura que lê o seu livro e diz que não está bom, que não vai vender, essas coisas.

Até mesmo para nós, que já temos alguns anos de estrada, é importante alguém que diga que a história não está madura, que devemos trabalhar um pouco mais nela, não é mesmo?

Pior ainda é a adequação do texto ao vernáculo, a análise sintática, a consistência da trama. Tudo isso é papel de um bom editor.

Mais do que nunca, vale o ditado: "Papel aceita tudo". Publicar livro está cada vez mais fácil, mas publicar um livro de qualidade, aí é outra história.

Abraços literários!

Unknown disse...

Nossa, muito bom, adorei. É exatamente isso que os novos autores enfrentam todos os dias.